Criar post sempre foi um ponto de atrito dentro de mim. Essa ideia de produzir algo que vai ser consumido em dois segundos, rolado superficialmente no feed, pra depois voltar com uma chuva de alterações que, na maioria das vezes, nem fazem sentido... isso me cansa. Sempre cansou. Mas eu fazia. Fiz por dias, semanas, anos. Já fiz um, dois, cinco, até dez no mesmo dia. E hoje? Hoje eu não consigo nem começar um.

  Dizem que isso é bloqueio criativo. Eu não sei. Pra mim tem mais cara de medo. Medo de encarar de novo o que já foi rotina, medo de me ver naquele ciclo de produção sem alma. Talvez essa tela em branco me lembre do tanto que eu já me apaguei pra continuar. Talvez me lembre do tanto que eu me cobrei pra ser funcional mesmo sem sentir nada.

  Às vezes, me pergunto se eu sirvo pra isso. E aí vem aquela sequência infinita de dúvidas que parece não ter fim. Se não for isso, seria o quê? Como é que a gente reinventa a rota quando o caminho já tá todo desgastado?

  Não posso me dar ao luxo de parar. Ainda não. Tenho contas pra pagar, entregas pra fazer, responsabilidades pra cumprir. Às vezes, eu sonho com esse tal “poder de escolha”: poder dizer não, poder fazer só o que faz sentido. Mas por enquanto, isso ainda não é real.

  Talvez um dia eu consiga sair desse formato engessado, que tomou conta dos Instagrams da vida e engoliu a espontaneidade de tanta gente. Talvez eu só tenha cansado da repetição, talvez minha criação esteja pedindo espaço, ou talvez eu só precise respirar. Vai saber. Talvez tudo isso junto.